Um tipo de fotografia muito antiga, usada nos primórdios das experiências com registro de imagens. No século 19, mais precisamente em 1851, um inglês chamado Frederick Scott Archer, inventou um processo em que se usava uma placa de vidro ou metal, coberta com um líquido (nome técnico: emulsão) composto de piroxilina (um tipo de verniz derivado da celulose), álcool e éter. Essa emulsão recebeu o nome de colódio. Aplica-se o colódio sobre a placa e depois banha-se com nitrato de prata. É a prata que, por ser sensível à luz, vai escurecer em determinadas áreas e essas nuances de claros e escuros é que vão compor a imagem.
O mais estressante nesse processo é que deve-se preparar a placa, colocá-la no local apropriado na enorme câmera (aquelas em que o fotógrafo ficava atrás, coberto com um pano preto) já pré-focalizada em cerca de 10 a 15 minutos, enquanto a emulsão recém preparada está úmida. Se secar, todo o processo terá que ser refeito. Imaginem os modelos, parados diante da câmera, esperando pacientemente serem fotografados. Mas saibam que eles ficavam sim, bem pacientes pois esse processo era muito mais rápido e barato para se eternizar suas imagens do que contratar um pintor!
O tempo foi passando, novos processos foram inventados e implementados chegando até a fotografia digital. Mas até hoje, entusiastas dos processos primevos, mantêm viva essa forma de registrar imagens. O grupo Imagineiro, que tem como tema a fotografia, comemorou o Dia Mundial da Fotografia em Placa Úmida, no último dia 2 de maio na Casa Ranzini,
um espaço sem fins lucrativos, “com a missão de preservar, estudar e divulgar o patrimônio histórico, artístico e arquitetônico da cidade de São Paulo, estimulando a vivência, reflexão e experimentação no campo das artes e história e contribuindo para ampliar o acesso às manifestações culturais e para a formação da cidadania no contexto brasileiro.” Fica na Rua Santa Luzia, 31, Liberdade. São Paulo, SP, próxima às estações Liberdade e Sé do Metrô.
E eu estive lá! Participei do workshop de confecção de ambrótipos (esse nome se dá à placa já emulsionada, exposta e revelada. Vem do grego “ambros” que significa imortal e “tipo” que significa registro, impressão), visitei a exposição e fiquei imortalizado em um ambrótipo!
Na Casa Ranzini, pude conhecer uma bicicleta adaptada com um mini-laboratório para sair em campo e registrar imagens como no século 19! Da mesma forma que os pioneiros iam com enormes carroças, cheias de frascos com produtos químicos pelas ruas e estradas de terra em busca de uma imagem para imortalizar!
Na frente da bicicleta está o mini-laboratório…
Esse pano vermelho é que vai garantir a escuridão para o preparo da placa. Ele é virado do avesso e desta forma compõe uma câmara escura, essencial para o preparo. E a menina da foto preparou sem dificuldades o ambrótipo…
A câmera já estava sendo preparada e devidamente focalizada para fotografar o grupo…
Após a exposição (abertura do obturador para a entrada da luz) a imagem já se faz presente! Um artefato de madeira contém os químicos para a revelação.
A secagem…
E o resultado final…
Notem que as tonalidades ficam intensas principalmente porque o colódio é sensível a determinadas cores, principalmente ao azul, o que torna a tonalidade da pele e cabelos surreais! Eu estou à frente e à esquerda, com os cabelos esbranquiçados e aquele rapaz ao centro e atrás das duas garotas à frente é um japonês! Sua pele apresenta uma coloração escura, parecendo da raça negra! Quando se fotografa uma paisagem contendo céu, este sai totalmente branco pois as nuvens refletem o azul do céu tanto quando o próprio céu!
Agora um pouco da arquitetura da Casa Ranzini…
Câmeras antigas…
E a exposição…
É isso. Logo abaixo, para saber um pouco mais, seguem links úteis!
Até mais!
Parabéns pelo trabalho!!! Adorei!!
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